Barco à Vela Não Precisa de Remos.



O tempo é uma correnteza suave na juventude. Parece correr eternamente nas expectativas meio infantis, meio adultas, parece forçar a paciência, essa que muitas vezes não há.
E o mundo ensina que as coisas têm seu preço. E que é preciso correr atrás do que se quer, Às vezes passar por cima de outros, devorar meio mundo afora, experimentar todos os prazeres, e por fim viver frenético e fatigado, cheio de expectativas vãs e medo do escuro.
Mas um dia o tempo ensina, e poucas pessoas aprendem, que por certas coisas é sim necessário lutar, e que essas coisas tem um preço, mas outras, têm seu valor. O tempo escorre à favor do vento, e certas coisas precisam ser cultivadas, não compradas e postas pra mofar na estante. E o amor não virou um desses itens ‘sucesso de vendas’? Logo vem, logo apraz, logo mofa. Pusemos coisas na estante que deveriam ter sido plantadas. E no amor é onde as coisas de maior valor afloram. Mas ninguém tem tempo pra ver o brotinho de feijão vingar dentro do copo com algodão. Se ele não vinga por falta de cuidado, a gente joga fora.
Sabe, nosso barco vem com velas. Mas a gente insiste em comprar e tentar usar remos, mesmo quando o tempo é bom. Somos pressionados a correr atrás do vento. Mas quem já experimentou usá-lo e içar as velas? Que o tempo, ao escoar apressado em nossa velhice, mostre os frutos de plantar valores. Que isso, por mais que pareça impossível nessa geração desorientada e imediatista, seja a boa surpresa para as gerações anteriores. 
Porque o que há de mais valioso, já nos foi dado de graça. Só é preciso cuidar.

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